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Ana Penso Onde: Curitiba • 22 de Fevereiro - 2019 |

Liberdade, esse é o conceito de minha nova coleção. Resultado de um amadurecimento profissional, buscando sensibilizar e empoderar meu repertório pessoal no design.

No alto de meus 37 anos, vindo de uma família simples sem posses ou cultura acadêmica, posso dizer que acreditar em seu sonho e lutar por ele, FAZ DIFERENÇA. Entrei na faculdade de Design de Produto em 1999, tive muita dificuldade para graduar, pois no último semestre da faculdade meu pai teve um grande colapso financeiro e atrasou algumas mensalidades. Justo naquele semestre a faculdade atualizou sua grade acadêmica de anual para semestral e me deu duas opções: voltar para o segundo ano ou tentar uma transferência. Nem preciso dizer que a proposta foi ridícula, não é mesmo? Cheguei a cursar um semestre em outra instituição, mas a frustração de voltar tantos semestres me fez desistir, além de na época não ter condições de pagar o curso. Foi uma época de reconsiderações.

Depois disso me encantei por design de moda, fiz cursos livres, técnicos e graduação; seria surpresa eu contar que não aguentei terminar a graduação de moda? Depois de uma faculdade concluída (mesmo sem o diploma) e diversos cursos na área, me deparei com uma faculdade fraca, enfadonha e com uma turma muito desestimulante, visto que eram muito mais jovens e sem experiência, o que torna uma turma fraca. Parei. Nesse intermédio de tempo, venci concursos regionais, vendi toda uma linha de bolsas que fazia em conjunto com meus pais, dei MUITA aula de desenho e desenvolvimento de coleções e me frustrei com o mercado de trabalho local, que oferecia estágios e trabalhos com propostas indecentes. Uma grande empresa de Curitiba chegou a me ofertar um trabalho que diziam ser maravilhoso: 6 meses sem remuneração para quem sabe depois desse período ser efetivada! Para alguém que ajudava a família nas contas de casa, isso era algo impossível de acontecer.

Bom, o mercado na época estava muito egoísta e pequeno. Nesse meio tempo, meu pai faleceu deixando uma generosa dívida; era um homem maravilhoso mas sem traquejo comercial. Voltei para o mercado de trabalho tradicional e trabalhei em uma empresa como designer, foram alguns anos de muita resignação e aprendizado, até pagar tudo o que deveria, não tenho saudades.
Durante esse período conheci o Rodrigo, hoje meu marido, que na época também estava correndo atrás de oportunidades. Juntos trabalhamos com Garden Design. Parece bonito, não é mesmo? Projetávamos o jardim dos clientes e executávamos. Isso mesmo, carregar sacos de terra e plantar grama em barrancos. Nada romântico, mas fizemos bons trabalhos.

Contei que trabalhei com design de interiores? Dei aula muitos anos de várias matérias e atendi muitos clientes. Foi uma época interessante pois ela me trouxe novamente para o design de produtos. Uma de minhas matérias tinha como avaliação a criação de um produto com base em um tema específico, isso acabou despertando minha verdadeira paixão: o produto, isso já era em 2009.

Dali em diante, portas começaram a ser abrir e muito mudou na cidade de Curitiba. Os olhos provincianos tradicionalistas começaram a evoluir para outras visões, dando entrada para o novo. Foi quando nasceu o Crânio Cabeludo, ainda em meu escritório de Interiores, na companhia de Bel Nejur, pessoa maravilhosa, que hoje mora em Lisboa. O Crânio foi a porta de entrada para uma nova era. Os anos foram passando, fiz muitos trabalhos, conheci muita gente. Hoje posso dizer que minha maior riqueza são as conexões.

CONEXÕES, pessoas incríveis que passaram e estão em minha vida e que contribuem para que eu atinja meus objetivos. Se posso dar um conselho, para você que está lendo, é que desenvolva suas próprias conexões, abra os olhos para o que o mundo te mostra, enxergue com clareza e objetividade todas as situações que lhe acontecem e saiba escolher suas batalhas e com quem irá.

Resumidamente, pulando algumas coisas, chegamos ao hoje, à coleção que trato no título, ao resultado de toda essa novela. A princípio era um lançamento solo, que já tinha um caminho traçado. A vida é uma surpresa, que em uma conversa, me convence a convidar um casal de amigos para ajudar no desenrolar desse novo caminho, esses amigos são Patrick e Thâmara da Cannelle design, que irão como meus parceiros convidados à São Paulo, no lançamento nacional da coleção na Paralela 2019. Uma grande conquista e ao mesmo tempo somente mais um passo.

Alforria é liberdade, e liberdade significa fazer o que é necessário conforme o que acredito. É depois de todos esses anos olhar para trás e sentir alegria por ter aprendido tanto. É ter certeza de que a sorte é para todos. É saber que com trabalho e fé o resultado chega. É aprender a reconhecer em quem confiar. É valorizar as pessoas importantes. É ser feliz apesar dos fracassos. É ser feliz.

Liberdade é ser você mesmo.

Fotos @kellygequelin e @iostfotografia

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