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Resgatando as obras "perdidas" de João Turin

Onde: Curitiba • 14 de Novembro - 2023 | Fotos Divulgação

A redescoberta de duas obras do artista, antes consideradas destruídas ou desaparecidas, virou até tema de documentário

João Turin é considerado o maior escultor animalista do Brasil. O precursor da arte escultórica no Paraná, nascido em 1878 em Morretes, no litoral do estado, produziu mais de 400 obras ao longo de 50 anos de carreira - muitas das quais atualmente compõem acervos de 15 museus e instituições do Paraná, Rio de Janeiro e França. O legado do artista foi tema da exposição “João Turin – Vida, Obra, Arte”, realizada em junho de 2014 e prestigiada por 266 mil pessoas - até hoje a exposição mais visitada da história do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Não à toa, portanto, a recuperação de duas de suas obras "perdidas" é motivo de comemoração: "Pietá" e "No Exílio" foram redescobertas e adicionadas ao Jardim de Esculturas do Memorial Paranista.

 

A "Pietá" de Turin

Localizada na França há dez anos atrás, a "Pietá" de Turin foi encontrada graças a um minucioso trabalho de catalogação e pesquisa histórica promovido a partir de 2011 pela Família Ferrari Lago, na condição de gestora do acervo de obras deixado por João Turin. Uma equipe coordenada pelo professor, escritor e crítico de arte José Roberto Teixeira Leite realizou uma cuidadosa pesquisa histórica que descobriu, em 2013, que uma obra do artista estava na cidade de Condé-sur-Noireau, na Baixa Normandia. Até então considerada perdida, a Pietá de Turin é um baixo-relevo esculpido em pedra datado de 2017.

 

Desaparecida por mais de 70 anos, acreditava-se ter sido destruída pelos bombardeios da 2ª Guerra Mundial que arrasaram a cidade em 1944. Felizmente, porém, ela permaneceu intacta na Igreja de Saint Martin, apenas parcialmente alvejada. Com isso, foi iniciada uma ação para integrar a obra ao acervo do artista por meio da produção de um molde que pudesse ser reproduzido no Brasil.


 

“Foi montada uma equipe multidisciplinar com um produtor brasileiro que morava na França na época, Odilon Merlin, e liderada pelo escultor Elvo Benito Damo, de Curitiba, que coordenou a moldagem no local. Depois disso, o molde foi transportado de navio para o Brasil, onde fizemos a primeira fundição inédita em bronze da Pietá”, relata Samuel Ferrari Lago, um dos gestores da obra de João Turin. Essa missão e o processo de resgate e produção do molde foi registrado no documentário “A Pietá de João Turin”, dirigido por Fabrizio Rosa e produzido por Samuel Lago (disponível em https://www.youtube.com/watch?v=P7Xlh92EzSo).

 

"No Exílio" volta ao Paraná

Também considerada perdida, “No Exílio” foi a primeira escultura de grandes proporções feita por Turin. Concebida em Bruxelas e premiada com Menção Honrosa em Paris, o paradeiro da escultura de bronze, com 2,70m de altura e mais de trezentos quilos de peso, infelizmente é um mistério até hoje. “Durante muito tempo procuramos por essa obra tanto em Bruxelas quanto em Paris, mas não conseguimos localizar”, afirma Samuel Lago.

 


Uma forma de trazer a obra para os dias de hoje foi por meio de uma releitura. Por sugestão do pesquisador Maurício Appel a artista Luna do Rio Apa foi convidada a realizar uma releitura em argila, a partir de fotografias de época. Em um segundo momento, o escultor Edson de Lima fez a moldagem para a produção da escultura em gesso pedra. A última etapa foi a fundição em bronze, através de uma parceria em que a Família Ferrari Lago cedeu o molde em silicone para a Prefeitura de Curitiba/FCC. Em 21 de setembro, quando se comemoraram os 145 anos de nascimento de João Turin, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, inaugurou a releitura em bronze de “No Exílio” no Jardim de Esculturas do Memorial Paranista.

 

Serviço:


Memorial Paranista - Parque São Lourenço
R. Mateus Leme, 4700 - São Lourenço, Curitiba - PR
Horário de funcionamento: dias úteis, a partir das 10h

 

 

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