Em tempos em que o essencial ganha valor, este apartamento em Lisboa é um exemplo preciso de como um projeto pode ser simples sem ser básico — e minimalista sem perder a identidade. Assinado pelo escritório MENNIZ - Architecture & Interior Design, o trabalho parte de uma intervenção estrutural: a antiga configuração, com cômodos segmentados e espaços de serviço herdados de uma planta tradicional portuguesa, foi completamente repensada para atender a um estilo de vida contemporâneo, mais fluido e integrado.

A principal transformação está na área social. O quarto de empregada foi eliminado para dar lugar a uma ampla zona de convívio, que hoje reúne sala de estar, jantar e cozinha em um só espaço aberto e iluminado. Essa decisão estratégica não apenas ampliou a área útil, mas também trouxe luz natural abundante — hoje potencializada por três janelas com vista para o rio Tejo, criando um cenário de respiro e contemplação.

Com uma proposta estética que rejeita o uso de objetos decorativos ou cores fortes, o projeto opta por uma paleta neutra, sem apelo a ornamentos visuais. O piso de madeira percorre todos os ambientes sociais e íntimos, enquanto o microcimento em tom areia reveste paredes e chão dos banheiros, promovendo unidade visual e tátil. A iluminação, sempre indireta e pontual, valoriza volumes e texturas, substituindo o protagonismo da decoração por uma atmosfera acolhedora e sensível.

Sem tapetes, quase sem objetos decorativos, e com mobiliário discreto, o apartamento ganha força justamente por não tentar impressionar. A marcenaria em carvalho natural define a transição entre o hall e os espaços abertos, atuando como filtro visual e ponto de equilíbrio. Aqui, o “menos é mais” deixa de ser um clichê para se tornar argumento: o espaço é limpo, mas denso de significado; é calmo, mas não anônimo.

Este é um projeto que prova que, ao renunciar ao excesso, é possível revelar o que realmente importa — a luz, o espaço, o tempo vivido ali.

Serviço

MENNIZ - Architecture & Interior Design

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