Como renovar sem apagar histórias
Onde: • 14 de Maio - 2025 | Fotos Jason MannRetrofit transforma casa centenária com soluções sustentáveis, integração ao terreno e respeito ao passado

Renovar não significa apagar o que veio antes. Muito pelo contrário: preservar, adaptar e ressignificar espaços existentes é uma das formas mais conscientes — e sensíveis — de fazer arquitetura hoje. Além de evitar desperdícios, essa prática valoriza a memória construída e reforça o vínculo emocional com o lugar.
O projeto que apresentamos aqui teve como ponto de partida exatamente essa premissa ao transformar uma antiga residência de dois andares, datada de antes de 1900, em uma casa contemporânea, funcional e acolhedora para uma família de sete pessoas. Localizada em um terreno estreito e em declive, ela foi reconfigurada em diferentes níveis para aproveitar a topografia. O volume original foi restaurado e conectado a um pavilhão contemporâneo, revestido com madeira escurecida e amplas aberturas envidraçadas voltadas para o jardim. A sequência de ambientes cria um percurso visual fluido entre interior e exterior, e entre os diferentes usos da casa.
No interior, a proposta é elegante e direta. A paleta de cores é contida, com madeira natural, preto fosco e branco como base. Elementos como o grande painel ripado vertical, que acompanha a escada, e o biombo de carvalho natural com cinco metros de altura, criam textura e marcam a transição entre os espaços. A cozinha com armários escuros, a iluminação embutida e o uso pontual de obras de arte contemporâneas reforçam a identidade visual do projeto.
A disposição dos ambientes atende tanto à convivência coletiva quanto à privacidade individual. O novo pavilhão integra sala de jantar, cozinha, estar e varanda, permitindo diferentes dinâmicas ao longo do dia. No andar superior, recantos de leitura e espaços íntimos aproveitam a vista e a entrada de luz natural.
A arquitetura também incorpora soluções sustentáveis: o volume original foi isolado com vidro duplo e materiais de alto desempenho; o novo bloco conta com piso térmico em concreto, sombreamento planejado e sistemas de iluminação de baixo consumo.
Mais do que modernizar uma casa antiga, o projeto, que é assinado pelo escritório Studio Pacific Architecture, da Nova Zelândia, mostra como a arquitetura pode renovar sem substituir, acolher sem apagar, e olhar para o futuro respeitando as camadas do tempo.
Serviço
Studio Pacific Architecture
www.studiopacific.co.nz
@studio_pacific