Arquitetura que respeita: quando a árvore dita o projeto
Onde: • 04 de Junho - 2025 | Fotos Anderson de OliveiraUma árvore preservada transforma a chegada à CASACOR Paraná

A lógica de cortar para depois construir vem sendo questionada por profissionais que preferem respeitar o terreno antes de desenhá-lo. Em vez de remover árvores existentes, arquitetos e designers têm buscado maneiras de incorporá-las aos projetos — não apenas como elementos simbólicos, mas como estruturas vivas que dão sentido ao espaço.
Exemplo emblemático dessa abordagem é o “Ring Around the Tree”, criado pelo escritório japonês Tezuka Architects. Trata-se de um anexo de madeira construído ao redor de uma grande árvore em um jardim de infância, onde as crianças podem brincar em plataformas elevadas que se integram aos galhos. O projeto não só preserva a vegetação como a transforma em protagonista da experiência arquitetônica, despertando conexão, liberdade e respeito pela natureza desde cedo.
No Brasil, esse pensamento também começa a ganhar força em mostras e obras urbanas. A Bilheteria da CASACOR Paraná 2025 é um exemplo local dessa mudança de olhar. As designers Mariluci Brambilla, Silmara Araujo e Simonia Celeri optaram por manter uma árvore que já estava no terreno e torná-la o coração do projeto. Parte do tronco está exposta e iluminada por meio de uma abertura de vidro. A outra parte, um galho, se mistura a musgos e flores naturais, em uma composição que convida à contemplação.
Com apenas 22 m², o ambiente propõe uma recepção sensorial que ativa os sentidos por meio do neurodesign — disciplina que estuda como o espaço influencia emoções e bem-estar. Há som de pássaros e água, um aroma desenvolvido exclusivamente para o local, iluminação difusa em forma de flores e texturas variadas que incentivam o toque. Elementos afetivos como o piso cerâmico que remete a casas antigas e móveis com memória complementam a proposta.
Como homenagem às 30 edições da mostra no Paraná, as profissionais também expuseram todas as capas dos anuários em molduras instaladas nas paredes. O resultado é um espaço que celebra o legado da CASACOR, a força das sensações e, acima de tudo, o valor de não derrubar uma árvore para começar algo novo.