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Ao som do vazio

Onde: Curitiba • 29 de Maio - 2019 | Fotos Romulo Fialdini

Espaços não ocupados potencializam visão minimalista em apartamento projetado por Marcos Bertoldi

Um amplo apartamento de 300m2 enfatiza o vazio como principal articulador da composição espacial arquitetônica. Em uma direção ao mínimo e toque modernista de intervenção, a reforma deste apartamento próximo ao Parque Ibirapuera, em São Paulo, avançou sob a batuta do arquiteto Marcos Bertoldi – do escritório curitibano Marcos Bertoldi Arquitetos. Como os acordes de uma elegante sinfonia, o projeto de Bertoldi privilegiou uma paleta reduzida de cores e texturas, que se repetem e se estendem ao longo dos espaços, reforçando o valor de cada material escolhido como um pano de fundo quase neutro de modo a destacar as peças de mobiliário e obras de arte escolhidas conforme as paixões dos proprietários.



Para a família com três moradores, o casal mais um filho, constatou-se que o apartamento novo necessitava de adaptações antes da ocupação. O lugar com 235m2 originais integrou terraços adjacentes para acomodar a solução idealizada por Bertoldi. A área de refeições ganha destaque no projeto, com a proposta de duas mesas: uma integrada à cozinha e grill, e outra – mais formal – na sala de jantar. Como o cliente é sócio de renomados restaurantes na cidade, a área gastronômica da morada tem atenção especial. Para dividir a sala principal do jantar, foi projetado um painel em madeira vazada muxarabi completamente retrátil, permitindo flexibilidade de uso para ambos os espaços. 



O quarto do casal também passou por transformações. A suíte original era confusa, com banheiros divididos e subdimensionados. Bertoldi projetou espaços racionais com closet e banheiros organizados de forma linear, separados por esquadrias de vidro e aço inoxidável. Para o mobiliário, armários encaixados em boiserie e a cama Auping instalada contra prateleira em Limestone evidenciam a inspiração do mínimo como busca formal e conceitual presente em todo lugar deste projeto. Pequenos segredos desta abordagem arquitetônica são reveladas por Bertoldi. Além de reduzir a paleta de materiais, concentrando-se na madeira Pau Ferro e pedra Limestone, a preferência por linhas retas, portas embutidas em boiserie e ausência de ornamentos direcionam a percepção minimalista dos espaços. Estes recursos foram bastante utilizados pela arquitetura modernista, o que confere um leve tom nostálgico de revisita ao moderno nesta proposta. 



Para o mobiliário, Bertoldi reitera que qualidade prevalece sobre quantidade. Sob esta premissa, os espaços não ocupados são fundamentais como suporte ao protagonismo das peças escolhidas. O vazio tem seu valor capital, como os silêncios em uma boa sinfonia. A escolha cuidadosa do mobiliário oferece Poltronas 50, de Zanini de Zanine, para desfrute exterior no terraço. Uma Easy Chair, de Niemeyer, para a sala de cinema. Ou a composição em três sofás Toot - Piero Lissoni - peças queridas do arquiteto. Para pontuar os vazios e a mobília, objetos selecionados completam os interiores. O cinzeiro e bowl Bauhaus, de Marianne Brandt ou os vasos de Alvar Aalto e Anna Torfs se fundem com personalidade ao acervo da família, sendo a maioria dos objetos provenientes de viagens do casal. Tudo organizado em dois aspectos de percepção espacial: a simetria, que estrutura pontos focais e o próprio espaço numa vertente racional, e elementos assimétricos, que tornam o lugar dinâmico e fluido. 

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