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Como cada pessoa pode ajudar na transição climática

Onde: • 25 de Novembro - 2025 | Fotos Pixabay

A conferência realizada no país reforçou metas globais para redução de emissões e abriu espaço para discutir o papel cotidiano do cidadão na agenda ambiental.

A COP realizada no Brasil trouxe decisões que devem influenciar diretamente a política climática mundial nos próximos anos. Pela primeira vez, as negociações aconteceram em um país que concentra grande parte da biodiversidade do planeta, contrastando com desafios urbanos, sociais e produtivos que tornam a adaptação climática ainda mais urgente. Essa combinação tornou o evento mais concreto, aproximando a diplomacia da vida real.

 

Entre os principais acordos firmados está a necessidade de metas mais rígidas de redução de emissões. Os países deverão revisar seus planos nacionais, ampliar a transição energética e adotar mecanismos mais transparentes de verificação. Houve avanço também no financiamento climático, com a criação de um novo fundo global voltado especialmente para nações vulneráveis — uma medida vista como essencial para transformar metas em políticas concretas.

 

A proteção de biomas sensíveis ganhou destaque. Amazonas, Cerrado e Mata Atlântica voltam ao centro das estratégias de conservação, com ampliação de mecanismos de pagamento por serviços ambientais, modernização do monitoramento e cooperação internacional mais próxima. O Brasil assumiu protagonismo nesse debate, reforçando a importância da preservação como eixo de desenvolvimento.
Os próximos passos dependem da capacidade de cada país transformar o discurso em ação. Isso envolve desde marcos regulatórios mais robustos até investimentos consistentes em energia limpa, infraestrutura resiliente e práticas produtivas de baixo carbono.

 

O que podemos fazer como cidadãos?


Mesmo fora das decisões de governo, nosso comportamento cotidiano tem impacto direto sobre emissões, pressão sobre recursos naturais e sobre a cultura ambiental que sustenta políticas públicas mais ambiciosas. Escolhas pequenas — repetidas por milhões de pessoas — formam uma base que reforça a transição climática. Usar energia com mais responsabilidade, reduzir o desperdício e repensar hábitos de consumo são atitudes simples, mas de efeito imediato. Isso vale para mobilidade urbana: caminhar, pedalar, usar transporte coletivo ou compartilhar trajetos diminui emissões de forma significativa. Quando houver necessidade real de um automóvel, optar por veículos híbridos ou elétricos reduz a dependência de combustíveis fósseis e segue a direção proposta pela própria COP para o setor de transportes.

 

Outras ações ajudam a sustentar o equilíbrio climático: diminuir resíduos, preferir embalagens retornáveis, cuidar da vegetação ao redor, plantar árvores nativas e evitar queimadas domésticas. Compartilhar informação confiável, participar de consultas públicas e cobrar posicionamento de empresas e governos também fortalece o ambiente político necessário para que a transição avance.

 


Percepção dos arquitetos e designers brasileiros


A discussão sobre sustentabilidade também passa pelo olhar de quem projeta e constrói os espaços onde vivemos. Em uma pesquisa realizada com arquitetos e designers de Curitiba, foi possível observar um cenário que dialoga diretamente com o espírito da COP: existe interesse crescente, mas ainda acompanhado de barreiras práticas.

 

Para 83% dos profissionais, a procura dos clientes por soluções sustentáveis vem aumentando, embora ainda não seja dominante. Quando se trata de interesse real, a maioria avalia que entre 40% e 70% dos clientes demonstra disposição para incorporar práticas ou materiais de menor impacto — um número significativo, mas que revela espaço para evolução.

 

A principal dificuldade continua sendo o preço. Em 83% dos casos, os profissionais relatam que, diante de um investimento maior, os clientes acabam desistindo de opções sustentáveis, mesmo quando reconhecem seus benefícios. Ainda assim, práticas de baixo custo ou embutidas no projeto seguem presentes: a iluminação natural é o recurso de eficiência energética mais utilizado, e o reaproveitamento de materiais aparece como estratégia recorrente em obras, adotada por metade dos entrevistados.

 

Essas percepções mostram que o avanço não depende apenas de políticas públicas ou tecnologias caras. Ele nasce em decisões simples — no projeto, na obra e dentro de casa — exatamente como propõe a transição climática defendida pela COP. A soma dessas escolhas, individuais ou profissionais, é o que sustenta o impacto real que os acordos internacionais buscam alcançar.


A COP no Brasil deixou evidente que a resposta climática é composta por múltiplas escalas. Há as grandes decisões — energias limpas, proteção de biomas, políticas de adaptação — e há o território das escolhas diárias, que definem a forma como vivemos, consumimos e ocupamos os espaços. O encontro desses dois níveis é o que realmente sustenta o futuro climático que se busca construir.